E Judite expressou-se nestes termos: Entoai um cântico ao meu Deus com tamborins, cantai ao Senhor com címbalos. Entoai-lhe salmos e louvores, exaltai e invocai o seu nome.
Porque é um Deus que extermina guerras - Senhor é o seu nome. Acampou no meio do seu povo e me livrou da mão de todos os meus inimigos.
Assur veio das montanhas, do norte, veio com imensa tropa de guerreiros. Multidão de encher os vales, cavalaria de cobrir morros inteiros!
Jurara incendiar a minha terra. Passar meus jovens ao fio da espada e esmagar minhas criancinhas, levar embora meus filhos e minhas filhas, ao cativeiro...
O Senhor onipotente os rechaçou, por mãos de uma mulher!
Seu caudilho foi derrotado, não por jovens; foi ferido, não por filhos de Titãs; vencido, não por gigantes enormes: foi Judite, filha de Merari, quem o paralisou com a formosura de seu rosto.
Despiu o seu vestido de viúva, para consolação dos que sofriam em Israel. Ungiu o rosto com essência perfumada,
cingiu os cabelos com um diadema e vestiu um vestido de linho, para o seduzir.
Suas sandálias arrebataram-lhe os olhos, sua beleza extasiou-lhe a alma, e a espada lhe decepou a nuca.
Os persas tremeram de ver tamanha valentia, os medos se acovardaram perante sua audácia.
Então, os humildes gritaram, e eles tremeram espavoridos, os fracos (do meu povo) clamaram, e eles foram tomados de espanto; ao estrépito das vozes, deitaram a fugir.
Filhos de jovens mães os transpassaram e, como a meninos fugitivos, os feriram: ei-los derrotados na batalha de meu Senhor!
Cantarei a Deus um cântico novo: Sois grande, Senhor, sois glorioso, de admirável poder, invencível.
Todas as criaturas vos rendam homenagem, porque com uma só palavra fizestes todas as coisas; enviastes o vosso espírito, e foram criadas, e nada pôde resistir à vossa voz.
Podem abalar-se montanhas e águas, rochedos derreter-se como cera diante de vossa face: para aqueles que vos temem sereis sempre propício.
Bem pouca coisa é o sacrifício de suave fragrância, é como nada a gorda carne dos sacrifícios; quem teme ao Senhor, este é grande, para sempre!
Ai das nações que se insurgirem contra o meu povo! No dia do juízo as punirá o Senhor todo-poderoso: entregará as suas carnes aos vermes e ao fogo, e hão de chorar eterna dor.
Depois desta vitória, todo o povo foi a Jerusalém para adorar o Senhor. Purificaram-se e todos ofereceram os seus holocaustos, cumprindo os seus votos e suas promessas.
Judite ofereceu todas as armas de Holofernes recebidas do povo, e o cortinado que ela mesma tinha tirado do leito de Holofernes para que servisse de anátema de esquecimento.
O povo alegrou-se grandemente diante do santuário, e o regozijo desta vitória foi celebrado com Judite durante três meses.
Terminada a festa, cada um voltou para a sua casa, e Judite, que tinha grande crédito em Betúlia, adquiriu ainda maior renome em todo o país de Israel.
À coragem juntava a castidade, de tal sorte que nunca em toda a sua vida conheceu outro homem, desde que morreu Manassés, seu marido.
Nos dias de festa aparecia em público com todos os seus adornos.
Ela viveu cento e cinco anos na casa de seu marido, e deu liberdade à sua escrava. Morreu e foi sepultada em Betúlia junto de seu marido.
Todo o povo a chorou durante sete dias.
Em todos os dias de sua vida, e muitos anos depois de sua morte, não houve quem perturbasse a paz de Israel.
O aniversário de sua vitória foi posto pelos hebreus no número dos dias santos, e ainda hoje é celebrado pelos judeus.