Então Jó respondeu, dizendo:
Na verdade sei que assim é
Se quiser contender com ele, nem a uma de mil coisas lhe poderá responder.
Ele é sábio de coração, e forte em poder
Ele é o que remove os montes, sem que o saibam, e o que os transtorna no seu furor.
O que sacode a terra do seu lugar, e as suas colunas estremecem.
O que fala ao sol, e ele não nasce, e sela as estrelas.
O que sozinho estende os céus, e anda sobre os altos do mar.
O que fez a Ursa, o Orion, e o Sete-estrelo, e as recâmaras do sul.
O que faz coisas grandes e inescrutáveis
Eis que ele passa por diante de mim, e não o vejo
Eis que arrebata a presa
Deus não revogará a sua ira
Quanto menos lhe responderia eu, ou escolheria diante dele as minhas palavras!
Porque, ainda que eu fosse justo, não lhe responderia
Ainda que chamasse, e ele me respondesse, nem por isso creria que desse ouvidos à minha voz.
Porque me quebranta com uma tempestade, e multiplica as minhas chagas sem causa.
Não me permite respirar, antes me farta de amarguras.
Quanto às forças, eis que ele é o forte
Se eu me justificar, a minha boca me condenará
Se for perfeito, não estimo a minha alma
A coisa é esta
Quando o açoite mata de repente, então ele zomba da prova dos inocentes.
A terra é entregue nas mãos do ímpio
E os meus dias são mais velozes do que um correio
Passam como navios veleiros
Se eu disser: Eu me esquecerei da minha queixa, e mudarei o meu aspecto e tomarei alento,
Receio todas as minhas dores, porque bem sei que não me terás por inocente.
E, sendo eu ímpio, por que trabalharei em vão?
Ainda que me lave com água de neve, e purifique as minhas mãos com sabão,
Ainda me submergirás no fosso, e as minhas próprias vestes me abominarão.
Porque ele não é homem, como eu, a quem eu responda, vindo juntamente a juízo.
Não há entre nós árbitro que ponha a mão sobre nós ambos.
Tire ele a sua vara de cima de mim, e não me amedronte o seu terror.
Então falarei, e não o temerei